14.3.06

Brad & Angelina


Quase um mês fora, tanta coisa aconteceu.

Tive um cachorro. Ele morreu e agora tenho outro.
Demos partida ao projeto Fórum da Crítica, que vai bem, melhor que o esperado.
Mil trabalhos, mil filmes, mil amores, aquela coisa.

Mas nada como uma boa promoção, é o que sempre digo.

Andava exposto a toda sorte de publicidade, boa e má, porque andava assistindo TV demais. Para cada hora de TV, mais um quilo. É trágico. Culpa daquela gripe de carnaval, eu acho – ler me dava dor de cabeça, música me entediava, qualquer outra coisa me provocava náuseas. Menos a TV. Foi a primeira vez que fiquei gripado e acabei engordando.

O problema, porém, vinha no intervalo comercial, que sempre foi a minha programação favorita na TV. Quanta decadência! A publicidade carioca anda passando por maus bocados, me parece. Criatividade zero. Lá se vão os dias de "ah, mas é muito mais caro! ah, mas é muito melhor!" Ou da Dona Zica no cemitério. Ou ainda do Grande Otelo e as Óticas do Povo – colocaram um genérico agora bradando o eterno "morou? rá-rái!"

Talvez o problema seja universal. Hollywood tem pago seus pecados com receitas fracas, etc. Dizem que o problema está em títulos de pouco apelo – eu digo: contratem publicitários decentes. A tática dos estúdios para vender seus produtos tem sido pobre de doer. Colocaram na roda uma nova geração de assessores de imprensa que anda barbarizando: primeiro lançaram um Superman tão bem-dotado, que nem o Super-membro o CGI consegue esconder; depois veio um 007 que perdeu os dentes numa briga, matou o pobre do Jean Charles e quer aparecer pelado – e a herdeira do Fleming diz que é com esse filme que pretendem reerguer a franquia. A revelação do novo uniforme do Homem-Aranha, então, vem provocando celeuma em toda a Internet – vejam clicando aqui.

Agora eles vêm com essa, vejam só: a gangue dos Hells Angels está supostamente processando a Disney por conta do filme Wild Hogs – estrelando Tim Allen e John Travolta como dois coroas saidinhos que pagam de motoqueiros. Motivo: os Angels são os vilões do filme e o logotipo deles é usado sem permissão.

Vejam bem: Hells Angels processando a Disney. Processando. Meu Deus, o que há de errado com os ataques a tacos de sinuca e garrafas quebradas? Onde vamos parar?

Pensando bem, não é culpa dos marketeiros. Imagina tentar vender um abacaxi desses.

9.3.06

Nas bancas

Descrição: guria resolve fazer um mergulho peladinha em alto mar. Eis que surge um tubarão! Ela se esconde atrás de uma pedra, mas se depara com um zumbi!


Diz a lenda que o Lucio Fulci encontrou esse débil mental que topou enfrentar um tubarão gigantesco na unha. Ele vestiu o camarada (o imbecil, não o tubarão) de zumbi, e o resultado é a sequência mais inacreditavelmente absurda da história do cinema. Pode ser vista no DVD de ZOMBIE que está encartado na última edição da revista Cine Monstro, encontrável nas melhores bancas.

Custa 20 pratas. Não comprei o meu porque a grana anda curta e preferi arrematar mais um volume da coleção Carl Barks.

1.3.06

Pela culatra

Ainda estou na terça-feira gorda, mas vamos falar de cinzas.

Depois de assistir ao inacreditável comercial da camisinha nos intervalos do desfile das escolas de samba, fiquei me perguntando se jamais houve pior propaganda veiculada na TV brasileira.

(Sim, companheiros, meu carnaval foi assim lúgubre – a gripe atacou este folião, que, entre calafrios e coriza, viu seus pesadelos se materializando na TV aberta)

Em primeiro lugar: por que diabos a Globo não transmite os desfiles com tecla SAP? Ninguém merece aqueles comentários, por Momo! Tive que desencavar uns CDs (de jazz, hahaha) pra poder neutralizar o áudio da transmissão. Para aqueles que tinham mais o que fazer, teve até Ivo "Boquete" Meirelles chorando ao ver a Mangueira entrar.

Fiquei entre a cobertura da Rede TV (by Nelson Rubens, Monique Evans e Jacaré) e do camarote da Brahma by SBT & Adriane Galisteu – com o tal camarote completamente esvaziado, porque os "artistas" preferiram desfilar no da Nova Schin (patrocinadora do desfile na Globo). Nos intervalos, dava uma conferida nos canais de notícia para descobrir que um polícia assassinou o Rei Momo lá no Rio Grande do Sul.

(Perdão – ainda estou meio lesado, não sei o que foi folia, delírio, notícia ou realidade)

Pois bem, no clima do "acabou nosso carnaval...", dou uma pescada aqui na Internet e descubro que, mesmo depois do assassinato, o espírito dionisíaco continua presente. Da Reuters:

"Para Bruno Barreto, Carnaval de Salvador evoluiu como o cinema
O cineasta Bruno Barreto voltou ao Carnaval de Salvador depois de 30 anos e comparou o passado e o presente da festa com o próprio desenvolvimento do processo cinematográfico.
'Hoje o Carnaval é em cinemascope, dolby stereo. Antes, era em tela quadrada, em mono', disse o diretor na noite de sábado à Reuters, depois de descer do trio elétrico Expresso 2222, onde Daniela Mercury o homenageou."

Cinemascope, dolby, abadás de 3.500 reais e 90% da galera na pipoca. Perfeito.

Mas eu falava do comercial de camisinha.

Olha, nunca pensei, sinceramente, que o comercial de Dona Zica para um cemitério aqui do Rio pudesse ser superado em termos de mau gosto e espírito de porco. Mas eis que surge um perfeito downer (em vários sentidos), um legítimo produto de uma mente verdadeiramente pervertida: alguém teve a brilhante idéia de botar o Luis Fernando Guimarães improvisando para alertar o povo da importância de usar o preservativo neste carnaval.

Lamento informar, de saída, que nossas estatísticas envolvendo prevenção de DSTs e gravidez adolescente correm o risco de atingir índices alarmantes. Pensando bem, talvez a coisa tenha surtido o efeito desejado.

Pensem bem: o casal chega no motel, cheio de tesão; o sujeito, cheio de Nova Schin na cabeça, vê a Ivete Sangalo se despindo para ele (depois de algumas Novas Schins, até minha bisavó fica a cara da Ivete Sangalo); daí ele tira a roupa, Jamelão na mão; a menina, preocupada, saca a camisinha do bolso; o pobre diabo, ao ver a garota sacolejar o pacote, lembra-se de imediato do maldito comercial:



"Vai acampar? Vai armar a barraca! Olha a camisinha aí!"

Mas não há Viagra no mundo que faça a Mangueira entrar!!!

Obrigado por não fumar


Um pouquinho de John Waters (pra quem anda de saco cheio dos malditos saquinhos de pipoca do Unibanco e quetais...)

http://www.ifilm.com/ifilmdetail/2698474